Com a reforma tributária prestes a entrar em vigor, pequenas e médias empresas no Brasil se mostram despreparadas para as novas exigências. Um levantamento da plataforma de gestão financeira Conta Azul indica que 83% dessas empresas possuem pouco ou nenhum conhecimento sobre as mudanças, e 72% ainda não iniciaram qualquer preparação.
A pesquisa, que ouviu 1.600 empresários e profissionais do setor financeiro entre agosto e setembro de 2025, revela que o grau de desconhecimento varia conforme o porte da empresa. Entre os microempreendedores individuais (MEIs), 45,9% não têm conhecimento sobre a reforma, enquanto 43,3% possuem apenas noções básicas. Nas microempresas, 35,6% desconhecem o tema, e 48% têm conhecimento básico. Já nas médias e grandes empresas, 27,7% não sabem nada sobre o assunto, e 49,5% têm conhecimento básico.
O estudo também aponta que apenas 9% das empresas possuem um plano ativo de adaptação, e somente 3% dos empresários têm conhecimento avançado sobre a reforma. Entre os MEIs, 81,5% ainda não começaram a se preparar, enquanto 14,8% sabem por onde começar, mas não iniciaram. Apenas 3,7% já tomaram medidas. Nas microempresas, 75,8% não começaram a adaptação, 17% sabem os primeiros passos, mas não iniciaram, e 7,2% já começaram. Em médias e grandes empresas, 11,3% iniciaram a transição, e 20,2% conhecem os primeiros passos, embora 68,5% estejam desmobilizadas.
As empresas enfrentam desafios como a atualização dos sistemas de emissão de notas fiscais eletrônicas, que precisarão incluir novos tributos como o IBS e a CBS a partir de 2026. O levantamento mostra que 38% das empresas têm uma visão negativa sobre a reforma, 53% são neutras, e 9% são favoráveis. As principais preocupações incluem o aumento da carga tributária (58%), complexidade das regras de transição (19%) e impactos no controle de dados e fluxo de caixa (14%).
De acordo com o Mapa de Empresas do governo federal, mais de 90% das pessoas jurídicas no Brasil são microempresas ou de pequeno porte. Vinicius Roveda, CEO da Conta Azul, destaca a necessidade de maior orientação prática e tecnológica para essas empresas, que ainda não compreendem plenamente as mudanças da reforma tributária.