Imagine um cenário em que sua startup atinge tração, clientes e, de repente, um clique suspeito compromete sua base de dados, expõe informações sensíveis ou trava todos os sistemas. Nem sempre só os grandes players enfrentam isso: cada vez mais negócios digitais de todos os tamanhos tornam-se alvo de crimes digitais. Os números mostram que essa ameaça não é mais dúvida ou tendência distante.
Especialistas afirmam que 63% das vítimas de ataques desse tipo são pequenas e médias empresas, e o Brasil aparece entre os líderes mundiais em número de fraudes e invasões virtuais, com 9,1 milhões só no primeiro trimestre de 2022, conforme dados do levantamento sobre golpes virtuais. Não parece mais tão improvável, não é?
Negócios digitais não podem deixar a porta aberta para invasores.
Neste texto, você vai ver por que startups exigem uma cultura de proteção digital desde o primeiro dia. Vamos apresentar 10 medidas legais fundamentais para mitigar riscos, passando pelas principais leis que abordam o tema, ferramentas e — o que poucos dizem — a potência de tecnologias emergentes para proteção e reação rápida.
O cenário das ameaças digitais às startups
Segundo levantamento da Varonis, o custo global com crimes digitais ultrapassou 8 trilhões de dólares em 2022 e deve alcançar 11 trilhões em 2023. Isso não se limita a bancos ou grandes varejistas. As startups se tornaram especialmente atrativas para cibercriminosos pela dinâmica ágil e pela recorrente carência de processos de segurança sólidos, tornando cada centavo perdido ainda mais impactante.
Além disso, o relatório global da LexisNexis Risk Solutions mostrou um aumento de 20% nos ataques em 2022. Isso impacta empresas que muitas vezes nem sequer possuem pessoas dedicadas à segurança. Com modelos de negócio escaláveis, mas ainda frágeis, pequenos detalhes podem virar enormes prejuízos.
Legislação: proteção legal para o ambiente digital
O ambiente brasileiro passou a oferecer uma camada extra de proteção e responsabilidade graças a legislações como:
- Lei Carolina Dieckmann (Lei 12.737/2012): Criminaliza invasão de dispositivos eletrônicos com fins ilícitos. A lei foi batizada após um caso emblemático e abriu importante precedente para reação imediata das vítimas em solo nacional.
- Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014): Regulamenta direitos e deveres na rede, ressaltando a confidencialidade, guarda e tratamento de dados dos usuários.
- Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD, Lei 13.709/2018): Foca na privacidade das pessoas, mas impacta toda estrutura de startups que coleta ou trata dados digitais, sob pena de multas severas.
Mesmo assim, só a legislação não basta. É preciso incorporar processos práticos e uma cultura de segurança no DNA do negócio digital. Muitas empresas, por desconhecimento, acreditam que só grandes companhias precisam se preocupar com medidas preventivas. Não é bem assim. Um ransomware ou vazamento pode eliminar meses de trabalho em horas.
Por que startups e negócios digitais são foco em crimes digitais?
Diversos motivos. Startups frequentemente têm rotinas aceleradas, pouca ou nenhuma política de proteção formalizada e, por vezes, equipes reduzidas. Inovações, MVPs e lançamentos ágeis também podem ignorar requisitos mínimos de segurança. Esse ambiente — aberto, experimental, em constante evolução — tem sido o cenário perfeito para ataques sociais (phishing), ransomware e exploração de brechas não corrigidas.
Não basta crescer rápido. É preciso proteger esse crescimento.
A demanda por cibersegurança acompanha essa realidade: uma pesquisa nacional indicou que 80% das empresas brasileiras pretendem direcionar recursos para esse setor, impulsionadas tanto pelo medo de prejuízo quanto pela adequação à LGPD (dados da Digital Security).
Medidas legais e práticas: 10 passos para proteger sua startup
Elencamos abaixo as principais orientações para empresas digitais iniciarem (ou fortalecerem) a proteção contra crimes digitais, considerando tanto aspectos legais quanto processos internos.
- Ter políticas internas documentadas Redija e treine o time sobre manuais de conduta, proteção de dados, uso de dispositivos e definição clara de responsabilidades. Não vale ser só um papel: a orientação precisa ser viva no dia a dia.
- Estabelecer critérios rígidos de senhas Oriente sobre a criação de senhas longas e complexas — números, letras, símbolos — e trocas periódicas. Aqui, pequenas falhas viram grandes portas abertas.
- Uso de autenticação em dois fatores Adote múltiplas camadas de proteção para todos os sistemas internos, da plataforma ao acesso de e-mails. Isso barra muitos ataques de acesso indevido, inclusive quando um dado vazamento ocorre.
- Instalar antivírus e firewalls robustos Mesmo ferramentas básicas, se bem configuradas, já barram boa parte das tentativas automatizadas. Mantenha tudo sempre atualizado, sem exceções.
- Treinar a equipe contra ataques digitais O maior vetor de risco são as pessoas. Simule ataques de phishing, promova palestras rápidas e incentive o relato de situações suspeitas sem punição.
- Realizar backups automáticos e seguros Não dependa só da nuvem ou de servidores principais. Dados críticos precisam ser duplicados em lugares que só pessoal autorizado acesse, para garantir restauração em caso de ransomware.
- Criar planos de resposta a incidentes Ninguém está 100% seguro, então seja realista: defina ações urgentes para cada tipo de ameaça, indicando quem age, como e em que ordem. É a diferença entre prejuízo e recuperação.
- Auditorias de segurança digitais regulares Analise sistemas, acessos e rotina periodicamente. Se possível, contrate experts para realizar testes de invasão simulada (pentests), expondo falhas antes que sejam exploradas.
- Atenção aos contratos e ao compliance jurídico Seus acordos com colaboradores, fornecedores e clientes precisam previsibilidade e limites, especialmente sobre dados e confidencialidade. Bons advogados conhecem essas minúcias e são seus aliados, como a equipe multidisciplinar do Bonani Advogados, que atua preventivamente e de forma personalizada para cada mercado.
- Monitorar e registrar incidentes — colete provas digitais Um ponto sensível: sempre registre logs detalhados de acessos, tentativas de invasão, comunicações suspeitas, prints, e-mails, tudo. Em caso de necessidade jurídica, esses registros facilitam responsabilização e reação rápida, bem como facilitam cooperação internacional para investigar e punir ataques cruzados por fronteiras.
Como as tecnologias emergentes ajudam nesse combate?
Nem sempre apenas protocolos tradicionais dão conta do recado. Algumas soluções inovadoras, ao contrário do que muitos pensam, já estão ao alcance de pequenas equipes:
- Blockchain: Permite registro inviolável de contratos e transações, além de uso em cadeias de autenticação.
- Inteligência artificial: Ferramentas para análise de padrões de tráfego, reconhecimento de ameaças e identificação de comportamentos fora do normal em tempo real, aumentando a velocidade de reação antes de um prejuízo avançar.
Essas tendências vêm sendo discutidas em artigos como notícias recentes sobre cibersegurança e também nos levantamentos da Digital Security.
Cultura e prevenção: mais do que uma lista, uma mentalidade
A chave principal está na mentalidade. Sensação de “aqui nunca vai acontecer” é, infelizmente, comum. Mudá-la exige liderança adaptativa e parceria com times jurídicos e de tecnologia, como destacado neste artigo sobre os desafios jurídicos enfrentados por startups tecnológicas.
Prevenção é um valor. Não um departamento.
Um ambiente digital seguro é construído todo dia, com pequenas e grandes decisões: desde contratar pessoas com cultura de segurança até manter fornecedores alinhados com sua política de proteção. Toda startup que ignora processos básicos costuma pagar mais caro — seja em multas, prejuízos, ou imagem arranhada no mercado.
Ameaças em destaque: ransomware, phishing e além
Falamos tanto em ciberataques, mas como eles afetam startupeiros e pequenas empresas? O ransomware é uma das pragas preferidas: seus dados são sequestrados e recuperá-los só após pagamento, geralmente em criptoativos. Já o phishing, infelizmente, faz vítimas quase toda semana, fingindo-se de fornecedores, órgãos do governo e até clientes em potencial.
Não é exagero: mesmo negócios com menos de 10 colaboradores têm impactos graves. Por vezes, a empresa para totalmente por dias ou nunca se recupera. A gestão de riscos jurídicos em empresas digitais é, portanto, um desafio constante, demandando atualização e revisão de processos.
Para startups pequenas: proteção é diferencial (e sobrevivência)
Muitos fundadores hesitam em investir em cibersegurança. Mas, diferente do que se pensa, o risco não está no tamanho da empresa, e sim no caráter inovador do negócio, que atrai olhares interessados — de clientes e de criminosos digitais. Serviços jurídicos especializados, como ofertados pelo Bonani Advogados, protegem tanto contratos quanto operações diárias e ajudam a montar a trilha certa para o crescimento sem sustos.
Boas práticas são tratadas tanto nos fóruns técnicos quanto em referências consolidadas como na gestão de riscos para negócios digitais publicada recentemente.
Cooperação internacional e coleta de provas digitais
Crimes digitais normalmente atravessam fronteiras. Um ataque pode ser iniciado do outro lado do mundo. Por isso, é fundamental registrar provas digitais, adotar padrões internacionais de logs, carimbo de tempo (timestamp), manter e-mails originais e, se detectado incidente, acionar autoridades especializadas e buscar aconselhamento jurídico. Muitas vezes, agências estrangeiras e órgãos de outros países são requisitados. Quem não se prepara, simplesmente perde a chance de responsabilizar o ataque.
Sem provas digitais, não há justiça possível.
Conclusão
A transformação digital traz oportunidades incríveis para startups, mas também riscos reais e crescentes. Sem um olhar atento à cibersegurança, todo o esforço pode ruir em poucos instantes. Tomar medidas legais, investir em prevenção e buscar aconselhamento jurídico são passos que fazem diferença — e que respiram inovação também na proteção. Precisa de apoio especializado para seu empreendimento avançar com confiança? Conheça o Bonani Advogados e descubra as soluções jurídicas sob medida para negócios digitais que querem crescer de forma sólida e protegida.
Perguntas frequentes (FAQ)
O que são crimes digitais em startups?
Crimes digitais em startups envolvem qualquer tipo de violação, invasão, roubo de dados, extorsão, fraude, violação de propriedade intelectual e golpes online que afetam a operação, reputação e finanças dessas empresas. Geralmente são praticados por meio de ataques virtuais, engenharia social ou exploração de brechas em sistemas, atingindo tanto os sistemas de back-office quanto as camadas visíveis ao público.
Como proteger meu negócio digital online?
Para proteger seu negócio digital, comece configurando senhas fortes, autenticação em múltiplos fatores, uso de antivírus atualizado, firewall, backups automáticos e treinamento do time para identificar ameaças. Além disso, é fundamental adotar uma política de segurança clara, com processos de resposta a incidentes e suporte jurídico. Parcerias com especialistas, como Bonani Advogados, garantem que a proteção não dependa só da tecnologia, mas também de contratos, compliance e atuação preventiva.
Quais leis ajudam startups contra crimes digitais?
O ambiente jurídico brasileiro possui diversas leis que apoiam startups na prevenção e reação a crimes digitais. Destacam-se a Lei Carolina Dieckmann, que trata da invasão de dispositivos eletrônicos; o Marco Civil da Internet, que regula o uso e obrigações na rede; e a LGPD, que protege dados pessoais de clientes e colaboradores. Todas essas regras aumentam a responsabilização, mas também oferecem caminhos legais para buscar reparação.
Startup pequena precisa de medidas legais?
Sem dúvida: o porte não é indicativo de risco. Pequenas startups são frequentemente alvo porque têm menos defesas técnicas e processuais, tornando o ataque mais fácil. Medidas legais, como contratos sólidos, políticas internas, adequação à LGPD e monitoramento de sistemas, são diferenciais que previnem prejuízos e ainda passam confiança para o mercado e investidores.
Como identificar se fui vítima de crime digital?
Os sinais mais comuns incluem: sistemas inacessíveis, dados criptografados, mensagens suspeitas solicitando senhas ou pagamentos, comunicação de clientes reclamando sobre vazamento de dados e movimentações financeiras estranhas. Ao notar qualquer uma dessas situações, registre imediatamente todas as informações, documentos e logs, e procure auxílio técnico e jurídico para atendimento e análise de danos.